“Usamos a tragédia para alertar o mundo”, diz Marcelo Rubens Paiva

A Luta e a Memória: A História de Marcelo Rubens Paiva e Seu Legado

No coração do cinema brasileiro, o filme Ainda Estou Aqui brilha não apenas por ser o primeiro a conquistar um Oscar, mas também por trazer à tona a rica e dolorosa história da família Paiva. Com várias cenas marcantes de festas e danças, a produção retrata a vivência de momentos alegres em meio a um contexto de tragédia e luta. As memórias de Marcelo Rubens Paiva, autor da obra que inspirou o filme, revelam um aspecto profundo da resistência familiar e da busca por justiça em tempos sombrios.

Recordações de Uma Época

Marcelo, em uma entrevista recente, recorda como eram os dias em que a casa da família estava sempre cheia de amigos e risadas. “Era normal e eu lembro das músicas que a gente dançava”, ele diz, com uma nostalgia que transparece em suas palavras. Entretanto, essa alegria foi abruptamente interrompida pela tragédia que assolou sua família em 1971, quando seu pai, Rubens Paiva, foi preso e assassinado por agentes da ditadura militar que governava o Brasil na época.

Militância e Memória

A história de Rubens Paiva não é apenas um relato pessoal, mas sim um alerta sobre os perigos que a sociedade enfrenta quando a opressão e a injustiça se tornam normais. Marcelo enfatiza a importância de compartilhar essa história, não apenas para honrar a memória de seu pai, mas para garantir que outras famílias não passem pelo mesmo sofrimento. “Você não cai em depressão se você tem à frente uma luta tão grande, tão forte como essa”, reflete ele, apontando que a militância foi, e continua sendo, uma forma de enfrentar a dor e a injustiça.

Um Legado de Escrita e Resistência

Desde jovem, Marcelo encontrou na escrita uma forma de resistência. Aos 13 anos, ele já se aventurava em artigos para o jornal da escola. Com uma irmã que militava e uma mãe que defendia os direitos humanos, o ambiente familiar sempre foi propício para a luta por justiça. Segundo ele, a literatura se tornou uma extensão dessa militância. “Eu comecei a escrever ‘Eu Ainda Estou Aqui’ quando aconteceram aquelas primeiras manifestações de julho de 2013”, ele explica, referindo-se ao início de um novo ciclo de protestos no Brasil, que trouxe à tona questões sociais e políticas importantes.

A Polarização da Sociedade

Marcelo observa com preocupação a polarização que tem dominado o cenário político brasileiro. “Foi absorvida pelos movimentos conservadores, ganhando um aspecto da extrema direita que clama por intervenção militar e pela volta do AI-5”, diz ele, em referência ao ato que permitiu a repressão e a censura durante a ditadura. Para ele, a normalização da barbárie é algo que não pode ser aceito. Ele critica a glorificação de figuras como Carlos Brilhante Ustra, um notório torturador, e enfatiza que “toda sociedade tem suas histórias escabrosas, e a tortura foi uma ferramenta de terror.”

Superando o Trauma

O modo como a família Paiva lidou com o trauma é um testemunho de sua força. “Nunca vamos nos entregar. Vamos lutar por um país justo, por um país melhor”, afirma Marcelo, reafirmando o compromisso da família com a justiça social, os direitos indígenas e a redemocratização do Brasil. O fortalecimento da democracia é uma bandeira que ele carrega com orgulho, não apenas em homenagem ao pai, mas como um chamado à ação para todos os cidadãos.

Conclusão

A história de Marcelo Rubens Paiva é uma poderosa lembrança de que os laços familiares e a luta por justiça podem transformar dor em esperança. Através de sua escrita e militância, ele nos convida a refletir sobre o passado, a valorizar a democracia e a manter viva a memória daqueles que sofreram injustamente. E, assim, ele nos encoraja a continuar a luta, não apenas por sua família, mas por todos aqueles que clamam por justiça e dignidade. Que possamos seguir seu exemplo e nunca esquecer as lições do passado.

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