Morre cartunista Jaguar, aos 93 anos

Despedida de Jaguar: A Trajetória do Cartunista que Transformou a Arte no Brasil

O Brasil perdeu um de seus mais queridos artistas no último domingo (24), quando o cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido simplesmente como Jaguar, faleceu no Rio de Janeiro aos 93 anos. A notícia foi divulgada pela CNN e confirmada pelo hospital onde ele estava internado. Jaguar lutava contra uma infecção respiratória que acabou evoluindo para complicações renais, levando-o a cuidados paliativos nos últimos dias de sua vida.

O Hospital Copa D’Or emitiu um comunicado lamentando a perda de Jaguar, expressando suas condolências à família, amigos e fãs. O texto diz: “O hospital se solidariza com a família, amigos e fãs por essa irreparável perda para a cultura brasileira”. A morte de Jaguar deixa um vazio na arte e na crítica política do país, onde sua voz sempre foi uma das mais autênticas e provocativas.

Uma Carreira Marcante desde os 20 Anos

Jaguar iniciou sua jornada como cartunista ainda jovem, aos 20 anos, quando começou a desenhar para a revista Manchete em 1952. Ao longo das décadas, ele se tornou um nome conhecido e respeitado, principalmente por sua contribuição ao O Pasquim, um jornal satírico que ajudou a moldar a liberdade de expressão durante a ditadura militar do Brasil, que começou em 1964.

Fundado em 1969, O Pasquim se tornou um símbolo da resistência contra a censura, utilizando o humor e o sarcasmo como armas de crítica. Jaguar foi um dos criadores do jornal e sua influência foi inegável, tanto que ele criou o famoso personagem Sig, um ratinho que se tornou mascote do periódico até seu encerramento em 1991. Durante o tempo em que O Pasquim esteve ativo, Jaguar enfrentou até mesmo a prisão por suas opiniões políticas.

Uma Vida de Desenhos e Lutas

Antes de se dedicar integralmente ao jornalismo e à arte, Jaguar trabalhou no Banco do Brasil de 1952 a 1974. Durante esse período, ele publicava charges e desenhos em diversos jornais, como Penúltima Hora, O Semanário e, claro, Manchete. Foi nesse momento que ele adotou o nome que se tornaria sinônimo de crítica social e humor ácido.

Apesar de não ter formação jornalística, Jaguar se destacou no cenário da comunicação, publicando mais de 30 mil cartuns e colaborando com veículos como Semanário, Civilização Brasileira, Pif-Paf, Tribuna de Imprensa e Jornal do Brasil.

O Legado de Jaguar

Após o fim de O Pasquim, em 1991, Jaguar não deixou de produzir. Ele se tornou editor do jornal A Notícia, mantendo sua trajetória como chargista e colunista. Em O Dia, ele assinou uma coluna chamada “O Boteco do Jaguar”, onde misturava crônicas e charges, sempre com aquele toque característico de humor.

Em 2001, ele lançou o livro Confesso que bebi, que se tornou um guia gastronômico de bares no Rio de Janeiro. Sua vida era uma celebração do cotidiano carioca, com todas as suas nuances e peculiaridades. Infelizmente, em 2012, Jaguar recebeu o diagnóstico de câncer de fígado, o que o forçou a interromper sua relação com a bebida, algo que ele fazia com bom humor, afirmando que tinha consumido “uma piscina olímpica” de cerveja desde 1950.

Reflexões Finais

A morte de Jaguar é uma grande perda não apenas para o humor brasileiro, mas para a arte e a cultura do país. Sua habilidade de criticar e provocar reflexão através do riso é algo que muitos tentam emular, mas poucos conseguem alcançar a profundidade que ele atingiu. O legado de Jaguar é, sem dúvida, um testemunho do poder da arte como forma de resistência e expressão.

Ainda não há detalhes sobre o velório e enterro de Jaguar, mas sua obra e influência certamente viverão por muito tempo. Para aqueles que desejam prestar homenagens, é importante lembrar que o melhor tributo que podemos oferecer a um artista como Jaguar é continuar a valorizar a liberdade de expressão e a crítica social, características que ele tanto defendeu em sua vida.

Se você também é fã do trabalho de Jaguar ou deseja compartilhar suas memórias, sinta-se à vontade para deixar um comentário abaixo. A arte dele merece ser lembrada e celebrada por todos nós!