Aumento Surpreendente na Arrecadação da AMBEC e as Investigações em Curso

A Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC) tem sido alvo de um intenso escrutínio por parte da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU). O motivo? Descontos que parecem indevidos em aposentadorias e pensões que são pagas pelo INSS. Nos últimos anos, a associação viu sua arrecadação disparar de maneira vertiginosa, o que gerou desconfiança e levou a CGU a realizar uma auditoria detalhada sobre suas atividades financeiras.

Crescimento Exponencial das Contribuições

Os números são realmente impressionantes. Em 2021, as contribuições dos associados da AMBEC totalizaram apenas R$ 135. No ano seguinte, esse valor saltou para impressionantes R$ 14,9 milhões. Um crescimento extraordinário de 11.092.533%! Mas a história não para por aí: em 2023, a arrecadação atingiu R$ 91 milhões. E, nos primeiros três meses de 2024, a cifra alcançou R$ 71,6 milhões. Isso representa um faturamento total de R$ 178 milhões entre 2019 e 2024. É um aumento que, sem dúvida, chama a atenção para a entidade e suas práticas.

Auditoria e Irregularidades

A auditoria da CGU revelou que a AMBEC não conseguiu apresentar documentação que comprovasse que os aposentados e pensionistas estavam cientes e concordavam com os descontos realizados. Faltavam fichas de filiação e termos de autorização, o que levanta sérias questões sobre a transparência da associação. A CGU também observou que a estrutura física da AMBEC não é compatível com o número significativo de associados que ela diz ter, além de que muitos aposentados afirmam não ter conhecimento sobre a existência da associação.

Defesa da AMBEC

A defesa da associação, representada pelos advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, argumenta que a AMBEC não fez a captação de associados de forma direta, mas sim que essa tarefa foi realizada por empresas privadas, como a CORBANS. Eles afirmam que, se houveram fraudes, a associação é uma vítima assim como os próprios associados. Essa argumentação, no entanto, não diminui a preocupação das autoridades, que seguem investigando a situação.

Ligação com Empresários Suspeitos

As investigações apontam que a AMBEC poderia estar sendo controlada por “laranjas” ligados ao empresário do setor de saúde, Mauricio Camisotti. A associação foi fundada em 2006 e, até fevereiro do ano passado, era presidida por Maria Inês Batista de Almeida, que tem um histórico de trabalho em empresas do grupo THG, de Camisotti. Além disso, a PF descobriu que o grupo THG pode estar por trás de outras associações, como a União dos Servidores Públicos do Brasil (Unsbras) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap).

Impacto Financeiro e Descontos

Juntas, essas três associações respondem por uma parte significativa dos descontos no INSS, estimando-se que em 2024, elas somem cerca de R$ 456,5 milhões. Isso coloca a AMBEC em uma posição de destaque, superando até mesmo a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), que teve R$ 435 milhões em descontos no ano passado. Esses números levantam a questão: até que ponto as práticas da AMBEC são legítimas?

Figuras Centrais na Investigação

Outro nome que surge nas investigações é o de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”. Ele é apontado como o procurador legal da associação e figura central nas operações, sendo caracterizado como um lobista que fazia a ligação entre as associações e o INSS, facilitando os descontos que estão agora sob análise.

Transações Financeiras Suspeitas

O inquérito da Operação Sem Desconto revelou várias transações financeiras que parecem indicar um esquema mais amplo de fraudes. Por exemplo, a AMBEC transferiu R$ 16,3 milhões para a empresa Prevident, que é parte do grupo THG. Essa movimentação levanta ainda mais suspeitas sobre a relação entre as associações e as práticas comerciais que estão sendo investigadas.

A defesa da AMBEC não se manifestou sobre essas transações até o momento. A situação está evoluindo rapidamente e muitos estão atentos ao desenrolar das investigações. A CNN, por exemplo, continua tentando contato com as partes envolvidas, incluindo as defesas de Mauricio Camisotti e da Prevident.

Conclusão e Chamado à Ação

Esse caso é um exemplo claro de como a interseção entre o setor privado e o público pode gerar complicações e questionamentos sérios sobre a ética e a legalidade das operações. Se você tem alguma experiência ou opinião sobre este assunto, sinta-se à vontade para compartilhar nos comentários. É fundamental que a sociedade esteja atenta e bem informada sobre essas questões, que podem afetar diretamente a vida de muitos aposentados e pensionistas no Brasil.