IA pode eliminar até 92 milhões de empregos, mas essas profissões devem sobreviver

O Futuro do Trabalho: Como a Inteligência Artificial Está Transformando Profissões e Criando Novas Oportunidades

A revolução tecnológica trazida pela inteligência artificial (IA) é um tema que está em alta nos noticiários e nas conversas cotidianas. Recentemente, várias empresas e especialistas têm alertado sobre os impactos que essa tecnologia pode ter no mercado de trabalho. Um exemplo disso foi o comentário do presidente da startup de IA, Anthropic, que previu que, dentro de um a cinco anos, a IA poderia eliminar até metade das vagas para iniciantes em setores não manuais. Isso levanta um questionamento: quais profissões estão realmente ameaçadas e quais têm mais chances de resistir?

O Cenário Atual do Emprego

Desde 2022, as empresas listadas na bolsa de valores dos Estados Unidos têm reduzido seu quadro de funcionários, com uma queda de 3,5% no número de empregados de escritório. Um estudo do Wall Street Journal revelou que um quinto das companhias do S&P 500 encolheram. Se olharmos para grandes nomes do mercado, como Microsoft e Procter & Gamble, vemos que esses cortes estão se tornando comuns, com milhares de demissões sendo anunciadas a cada trimestre.

Além disso, a plataforma de vendas Shopify estabeleceu que, para contratar mais pessoas, suas equipes devem demonstrar que a IA não pode realizar as tarefas que pretendem terceirizar. De forma semelhante, a empresa de aprendizagem de idiomas Duolingo está planejando substituir gradualmente seus funcionários por sistemas de IA. Essas mudanças levantam preocupações sobre a natureza do trabalho e o futuro das carreiras.

A Dualidade da IA

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que cerca de 25% dos empregos em todo o mundo podem estar em risco de se tornarem obsoletos devido à adoção da IA. Contudo, essa mesma tecnologia pode gerar novas oportunidades e aumentar a produtividade. Um relatório do Fórum Econômico Mundial prevê que, até 2030, cerca de 92 milhões de empregos poderão ser eliminados, mas, ao mesmo tempo, 170 milhões de novos postos de trabalho podem surgir.

É importante notar que o impacto da IA não será uniforme. Economias desenvolvidas poderão sentir o maior impacto, com 60% dos empregos em risco. Enquanto isso, nas economias emergentes, esse número cai para 40%, e em países de baixa renda, apenas 26%. Isso sugere que, embora a IA possa causar desafios, também pode criar um cenário de crescimento, principalmente para as economias que souberem se adaptar.

As Profissões em Risco

Historicamente, as inovações tecnológicas têm afetado mais os trabalhadores menos qualificados, como operários de fábricas que foram substituídos por robôs. No entanto, atualmente, a previsão é de que a IA também impacte profissionais com níveis educacionais mais altos, especialmente aqueles em funções administrativas e de escritório, onde a eficiência dos algoritmos pode ser comparável ou superior ao desempenho humano.

Um estudo do Pew Research Center identificou que as profissões mais ameaçadas incluem aquelas que envolvem coleta de informações e análise de dados, como programação de websites, contabilidade e inserção de dados. Por outro lado, ocupações que exigem trabalho manual intenso, como construção civil, cuidados infantis e serviços de emergência, têm mais chances de resistir à automação.

A Visão dos Especialistas

O receio de um desemprego em massa devido à IA tem gerado debates acalorados entre especialistas, políticos e até líderes religiosos. O Papa Leão 14, por exemplo, emitiu alertas sobre os perigos que a inteligência artificial representa para a dignidade humana. Contudo, há também vozes otimistas. Enzo Weber, um especialista em mercado de trabalho, argumenta que a tecnologia pode abrir novas oportunidades, ao invés de simplesmente eliminar empregos. Segundo ele, a IA transforma o trabalho, mas não o elimina por completo.

Weber acredita que a automação pode auxiliar os trabalhadores a desenvolverem novas tarefas, permitindo um aumento na produtividade. Estudos realizados por economistas da Universidade de Harvard corroboram essa visão, afirmando que a automação pode não apenas preservar empregos, mas também gerar novas oportunidades, ao tornar os trabalhadores mais produtivos.

A Necessidade de Adaptação

Um desafio importante é a integração da IA nas empresas. Para que essa tecnologia seja realmente eficaz, é crucial que haja uma boa colaboração entre as ferramentas de IA e os funcionários. Se os trabalhadores tiverem medo de perder seus empregos e hesitarem em adotar novas tecnologias, isso pode limitar os benefícios que a IA pode oferecer.

Weber destaca que a adaptação ao novo panorama tecnológico é essencial. Ele vê a IA como um divisor de águas, trazendo uma gama de oportunidades que precisam ser aproveitadas. Para isso, é necessário um desenvolvimento contínuo e treinamento ativo dos funcionários, não apenas para acompanhar as mudanças, mas para avançar e se destacar no mercado.

Conclusão: O Caminho à Frente

É inegável que a inteligência artificial está moldando o futuro do trabalho de maneiras que ainda estamos começando a entender. À medida que avançamos, será vital que tanto empregadores quanto empregados se adaptem e se preparem para um mundo onde a colaboração entre humanos e máquinas se tornará cada vez mais comum. O futuro do trabalho pode ser incerto, mas também está repleto de possibilidades.