Honduras em Crise: Acusações de Golpe Eleitoral e Contagem de Votos Conturbada
Recentemente, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, fez uma declaração alarmante, acusando um “golpe eleitoral” em andamento durante a caótica contagem de votos das eleições presidenciais realizadas no dia 30 de novembro. A situação, já tensa, está sendo marcada por uma série de problemas técnicos e alegações de fraude, que levantam preocupações sobre a integridade do processo eleitoral. Castro, que é membro do partido de esquerda LIBRE, fez suas declarações em uma coletiva de imprensa, onde expressou sua indignação diante dos eventos que se desenrolam em seu país.
Problemas na Contagem de Votos
A contagem de votos tem sido tumultuada, com a presidente denunciando ameaças, manipulações e a interferência do sistema de transmissão de votos, conhecido como TREP. Castro afirmou: “Estamos vendo um processo marcado por ameaças e manipulação, que claramente adulteram a vontade popular”. A presidente também criticou o apoio explícito do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao candidato conservador Nasry Asfura, do Partido Nacional, o que, segundo ela, influi negativamente na transparência do pleito.
A Vantagem de Asfura e as Inconsistências
De acordo com as últimas apurações, Asfura lidera a contagem com uma margem de 1,32 ponto percentual, o que equivale a cerca de 40 mil votos, com 99,4% das atas contabilizadas. No entanto, um fato preocupante é que 14,5% dessas atas apresentam inconsistências. A autoridade eleitoral de Honduras se comprometeu a realizar uma contagem especial dessas atas, em conjunto com representantes dos partidos e observadores internacionais, para garantir que as irregularidades sejam tratadas com a seriedade que merecem.
Reação Internacional e Ameaças de Retaliação
Trump, que tem demonstrado um forte apoio a Asfura, indicou que poderia cortar o financiamento americano a Honduras caso o candidato conservador não saia vitorioso. Esse tipo de intervenção externa acentua ainda mais as tensões já existentes, principalmente em um país que enfrenta graves problemas internos, como corrupção, narcotráfico e pobreza. A situação se torna ainda mais delicada quando se considera o histórico de violência política em Honduras, que remete à eleição de 2017, onde protestos resultaram em várias mortes.
Um Contexto Histórico
As eleições de 30 de novembro transcorreram de forma pacífica, ao menos de acordo com observadores independentes, mas a confusão na divulgação dos resultados tem gerado frustrações. O atraso na contagem foi atribuído à empresa colombiana ASD, responsável pela plataforma de apuração, que se viu envolta em um novo escândalo ao queimar as senhas do sistema de transmissão de votos. Apesar da presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Ana Paola Hall, ter afirmado que o sistema não foi comprometido, a situação ainda gera desconfiança.
A Resposta do Povo e os Caminhos a Seguir
Enquanto isso, tanto Nasralla, o candidato do Partido Liberal, quanto Asfura, declaram vitória com base em suas próprias contagens. No entanto, a divisão entre as facções políticas continua a crescer, e as chamadas para protestos por parte do partido LIBRE só aumentam a tensão nas ruas. A cidade de Tegucigalpa, assim como outras localidades, se prepara para possíveis manifestações, lembrando os trágicos eventos de eleições passadas.
Conclusão
Honduras está em um momento decisivo, onde cada passo pode influenciar o futuro da nação. O Conselho Nacional Eleitoral tem até o dia 30 de dezembro para declarar um vencedor, e a esperança é que, independentemente do resultado, a democracia e a paz possam prevalecer. As autoridades dos EUA afirmaram que estão monitorando a situação e estão prontas para agir caso irregularidades sejam identificadas. A população, que já enfrenta desafios imensos, continua a esperar por um processo eleitoral justo e transparente.