Sindicância sobre morte de criança é arquivada no Rio Grande do Sul

Tragédia na UPA: O Caso de Joaquim e as Falhas no Atendimento Médico

No dia 28 de maio, a cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, vivenciou um evento trágico que deixou a comunidade em choque: a morte de Joaquim Simch Klinger, um menino de apenas 9 anos. Essa situação gerou uma série de questionamentos sobre os cuidados médicos prestados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Balneário Cassino, onde ele foi atendido. Joaquim tinha diagnóstico de asma e havia sido diagnosticado recentemente com laringite. Ele chegou à UPA caminhando após uma crise respiratória, mas infelizmente, faleceu algumas horas depois, o que levantou uma onda de indignação e preocupação sobre o atendimento médico recebido.

O Atendimento na UPA: O Que Realmente Aconteceu?

Documentos que foram obtidos pela CNN Brasil revelaram detalhes preocupantes sobre o atendimento de Joaquim na UPA. Segundo os registros, ele deu entrada na unidade por volta das 3h10 com um quadro preocupante: esforço respiratório grave e baixa saturação de oxigênio. Porém, em vez de receber o suporte adequado que a situação exigia, ele foi submetido a oxigênio de baixo fluxo, nebulizações e ainda recebeu uma dose de Haloperidol, uma medicação que é contraindicada para pacientes que apresentam hipoxemia, ou seja, níveis de oxigênio no sangue insuficientes.

Uma enfermeira que atendeu Joaquim registrou que, às 5h, o menino estava em estado crítico, apresentando gasping e uma pontuação de 3 na escala de Glasgow, que mede o nível de consciência. A profissional, preocupada com a situação, questionou repetidamente sobre a possibilidade de intubação, mas os médicos optaram por aguardar. É alarmante pensar que, mesmo diante de sinais tão evidentes de deterioração, houve resistência em executar uma medida que poderia ter salvado a vida de Joaquim.

Os Sinais de Alerta Ignorados

Às 6h26, Joaquim entrou em parada cardiorrespiratória. Apesar das tentativas de reanimação que se extenderam por aproximadamente 50 minutos, seu óbito foi declarado às 7h15. A primeira ambulância que chegou ao local não contava com um médico, mesmo com o menino já em manobras de reanimação por mais de uma hora. Registros também mostram que o pedido para um leito pediátrico de UTI foi feito somente quando o estado de Joaquim já era crítico, o que sugere uma falha de comunicação e de protocolo que pode ter contribuído para a tragédia.

Investigação e Consequências

A prefeitura de Rio Grande inicialmente comunicou que Joaquim teria H1N1, mas exames laboratoriais descartaram essa possibilidade. Uma perícia independente, solicitada pela família do menino, apontou várias falhas no atendimento, incluindo:

  • Oxigenação insuficiente;
  • Intubação tardia e mal executada;
  • Uso inadequado de Haloperidol;
  • Atraso no suporte ventilatório avançado;
  • Falhas técnicas durante a reanimação.

O laudo concluiu que havia indícios consistentes de imperícia médica, com possível nexo causal com o desfecho fatal. Em uma reunião com a prefeita Darlene Pereira, os familiares foram informados sobre o arquivamento da sindicância interna. Embora a administração tenha afirmado que o encerramento do processo não impede futuras responsabilizações, a situação deixou um gosto amargo em muitos que exigem justiça.

Próximos Passos e Busca por Justiça

Os médicos envolvidos no caso já foram afastados, e 14 pessoas foram ouvidas durante a investigação. Os documentos agora serão enviados ao Ministério Público, onde o promotor Leonardo Giron dará continuidade ao caso na 1ª Vara Criminal de Rio Grande. O advogado da família, Flavio Karam Jr., está ativamente acompanhando o processo, buscando diligentemente a justiça para Joaquim. A tragédia que envolveu o pequeno Joaquim levanta questões sérias sobre os protocolos de emergência e a responsabilidade médica, um assunto que precisa ser discutido amplamente na sociedade atual.

Esperamos que essa triste história não se repita e que o caso de Joaquim sirva de alerta para a importância de um atendimento médico eficaz e humano. É fundamental que todos nós, como sociedade, nos unamos para exigir melhorias nas condições de saúde e atendimento médico, garantindo que vidas não sejam perdidas por falhas que poderiam ser evitadas.



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