Clima extremo afeta 1,8 milhão na Amazônia; prejuízo alcança US$ 5 bilhões

Amazônia e os Desafios das Mudanças Climáticas: Um Olhar Sobre os Impactos e Soluções

Um estudo recente, publicado na renomada revista Nature Communications, revela que mais de 1,8 milhão de pessoas enfrentam, anualmente, as consequências devastadoras de eventos climáticos extremos na Amazônia brasileira. Isso é alarmante e nos leva a refletir sobre a situação crítica em que se encontram essas comunidades. O levantamento, realizado por especialistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade de Leeds, no Reino Unido, é um dos primeiros a avaliar de forma integrada as perdas humanas e econômicas nesse vasto bioma que abrange nove estados e 772 municípios.

Vulnerabilidade Social e Ambiental

Um dado que se destaca no estudo é que aproximadamente 75% das pessoas que sofrem com os extremos climáticos são, na verdade, povos indígenas e comunidades tradicionais. Isso nos revela uma dura realidade: a intersecção entre a vulnerabilidade social e a exposição a desastres ambientais. As cidades menores, com menos de 50 mil habitantes, são as que mais sofrem, experimentando uma queda de até 10% no crescimento econômico local nas últimas duas décadas devido a esses eventos. O que é realmente preocupante, considerando que essas localidades são muitas vezes as mais dependentes dos recursos naturais e, portanto, mais suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas.

Perdas Econômicas Alarmantes

Entre os anos de 2000 e 2022, os prejuízos financeiros causados por desastres climáticos na Amazônia somaram impressionantes US$ 5,7 bilhões, ou seja, cerca de US$ 650 milhões por ano. Esse aumento significativo, de 370%, afeta não apenas a economia local, mas também setores vitais como agricultura, pecuária, infraestrutura e saúde pública. Para se ter uma ideia, foram registrados 4.792 eventos climáticos em apenas 22 anos, com um aumento notável tanto na frequência quanto na intensidade desses fenômenos.

Frequência de Eventos Climáticos

  • Fogo: 10 vezes mais frequente;
  • Inundações: 5 vezes mais frequentes;
  • Secas e ondas de calor: 3 vezes mais frequentes.

Os anos de 2010, 2015 e 2021 foram particularmente severos, com grandes secas, queimadas e enchentes que causaram danos imensuráveis.

Impactos Sociais e Culturais

Além das perdas econômicas, o estudo também aborda danos chamados de “residuais”, que incluem aspectos como saúde, cultura, identidade e bem-estar. Esses impactos, embora não materiais, têm um efeito direto na vida das populações amazônicas, comprometendo a segurança alimentar, a saúde mental e a preservação do patrimônio cultural. É impressionante como as mudanças climáticas criam um ciclo vicioso de vulnerabilidade, onde as perdas econômicas geram menos investimentos locais, ampliando a pobreza e, consequentemente, a exposição a novos desastres.

Propostas de Mitigação

Diante desse cenário alarmante, uma das sugestões mais relevantes apresentadas pelos cientistas é a criação de um fundo de perdas e danos específico para a Amazônia. Essa proposta é inspirada no mecanismo global aprovado durante a COP27, em 2022, que visa a compensação de países que sofrem os maiores impactos das mudanças climáticas, mesmo que eles sejam responsáveis por uma menor emissão de gases de efeito estufa.

Conclusão

Em suma, é imprescindível que ações sejam tomadas para enfrentar os desafios climáticos na Amazônia. A criação de políticas públicas que visem a proteção e o fortalecimento das comunidades vulneráveis é um passo crucial. Precisamos estar cientes dos impactos que as mudanças climáticas trazem não apenas para o meio ambiente, mas também para a vida e a cultura das populações que habitam essa região tão rica e necessária. É hora de agir e garantir um futuro mais sustentável para todos nós.



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