Cinco Anos da Morte de João Alberto: O Legado de um Crime que Mobilizou o País
A morte de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro que foi brutalmente assassinado dentro de uma loja do Carrefour em Porto Alegre, completa cinco anos nesta quarta-feira, dia 19. Este caso chocante, que ocorreu em 2020, ainda ecoa nas ruas e tribunais, levantando uma série de questões sobre racismo, justiça e a responsabilidade das instituições. Até agora, não há uma data definida para o tribunal do júri que deve julgar os seis acusados pelo crime.
O Dia do Crime
Conhecido carinhosamente como Beto, ele estava fazendo compras acompanhado de sua esposa, Milena Alves, na unidade do supermercado localizada no bairro Passo D’Areia, zona norte da capital gaúcha. Segundo relatos e a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), Beto foi seguido de perto por seguranças enquanto fazia suas compras, e essa vigilância se transformou em uma abordagem agressiva que culminou em um desentendimento. Ao deixar a loja, ele foi espancado e, tragicamente, perdeu a vida. A perícia confirmou que a causa da morte foi a compressão torácica, resultando em asfixia por sufocação indireta.
Os Acusados e o Processo Judicial
Seis indivíduos foram inicialmente presos e se tornaram réus no caso: os seguranças Magno Braz Borges, Giovane Gaspar da Silva, Kleiton Silva Santos, Rafael Rezende e a fiscal de loja Adriana Alves Dutra. Desde dezembro de 2024, esses réus respondem em liberdade, após a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul considerar excessivo o tempo que passaram em prisão preventiva.
Atualmente, o processo está aguardando o julgamento de um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O MPRS está lutando para reverter a decisão da 2ª Câmara Criminal do TJRS, que retirou do processo a qualificadora de racismo, o que contraria o inquérito da Polícia Civil Gaúcha e a denúncia do próprio Ministério Público. O advogado da viúva de Beto, Gustavo Nalgestein, expressou sua preocupação, afirmando que após cinco anos, o caso pode cair no esquecimento: “Quantos outros fatos aconteceram depois disso? Quando finalmente chegarmos ao dia do julgamento, é possível que o cidadão comum que deverá julgar o caso já tenha esquecido os detalhes relevantes”.
O Eco da Repercussão Nacional
A morte de Beto Freitas não só gerou revolta local, mas também protestos em todo o Brasil, sendo frequentemente comparada ao assassinato de George Floyd, que ocorreu nos Estados Unidos no mesmo ano. Ambos os casos revelam a brutalidade do racismo estrutural presente na sociedade e a necessidade urgente de mudanças. A repercussão foi tamanha que a tragédia de Beto se tornou um símbolo de resistência contra a violência racial. Entretanto, a família de Beto teme que o caso possa ser esquecido com o passar do tempo, o que é uma realidade comum em muitos casos de violência racial.
Defesas dos Réus
As defesas dos réus tentam reverter a seriedade das acusações. O advogado Pedro Catão, que representa Adriana Alves Dutra, declarou que ela não ocupava uma posição hierárquica superior e que tentou interromper as agressões. “Como pode ser responsabilizada por um resultado que, comprovadamente, tentou evitar?”, questionou. Outros advogados reafirmam a inocência de seus clientes, argumentando que muitos deles não estavam diretamente envolvidos na agressão que resultou na morte de Beto.
A Resposta do Grupo Carrefour
Em nota, o Grupo Carrefour afirmou que, desde a morte de João Alberto, a empresa assumiu a responsabilidade de implementar mudanças estruturais para evitar que eventos semelhantes voltem a ocorrer. Essas mudanças incluem a reformulação do sistema de segurança, a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público e a adoção de uma política de tolerância zero em relação a comportamentos racistas por parte de funcionários e fornecedores.
Reflexões Finais
Passados cinco anos, a luta por justiça no caso de João Alberto Freitas continua. É fundamental que a sociedade se lembre desse caso, não apenas como um exemplo de injustiça, mas como um chamado à ação. O racismo e a violência não devem ser tolerados, e cada um de nós tem um papel na construção de um futuro mais justo e igualitário.
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