COP30: População ribeirinha de Belém encontra sustento na floresta

Vida e Sustentabilidade na Ilha do Combú: Um Olhar sobre os Ribeirinhos de Belém

Nesta segunda-feira (17), a CNN Brasil fez uma visita fascinante à Ilha do Combú, localizada em Belém, no Pará. Essa ilha abriga mais de 40 mil ribeirinhos que vivem em harmonia com a floresta, extraindo dela recursos que movimentam a economia local. Com um total de 42 ilhas na região, a vida aqui é marcada pela exploração sustentável de sementes, frutos e madeira, que são elementos cruciais para a subsistência dos moradores.

O Encontro com Silvia Rodrigues Rosa

Durante a visita, a equipe da CNN teve a oportunidade de conhecer a mestre artesã Silvia Rodrigues Rosa, que recebeu os repórteres em sua casa. Silvia é uma verdadeira artista, famosa por suas biojoias criadas a partir de sementes encontradas na floresta. Ela não apenas compartilhou suas experiências, mas também expressou suas preocupações sobre a preservação ambiental. “O nosso sustentável é a gente proteger a natureza, ter ciência que a gente não pode desmatar”, declarou Silvia. Essa frase ressoa profundamente entre os ribeirinhos, que veem a floresta não apenas como um recurso, mas como um lar que deve ser cuidado.

Desafios Ambientais e Sustentabilidade

Silvia também trouxe à tona um tema crítico: a erosão causada por lanchas grandes que passam em alta velocidade, prejudicando a ilha e a vida dos ribeirinhos. “As pessoas deveriam ter consciência de ajudar a gente a manter a nossa floresta em pé”, afirmou ela, ressaltando a importância da colaboração de todos na proteção do meio ambiente. A sua fala é um apelo por mudança e conscientização, um convite para que todos se unam na luta pela preservação.

O Papel da COP30

Coincidentemente, a visita da CNN aconteceu durante a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que continua até o dia 21 de novembro. Este evento reúne representantes de 194 países e da União Europeia, e nesta segunda e terça-feira (17 e 18), a conferência foca na gestão planetária e comunitária, com um olhar especial sobre florestas, oceanos e biodiversidade. “A minha expectativa é que, verdadeiramente, possam olhar para nós, que somos os verdadeiros guardiões da floresta”, disse Silvia, evidenciando a necessidade de dar voz aos que realmente vivem a realidade da floresta.

Produção de Biojoias e Artesanato

Silvia explicou ainda como são feitas as biojoias, que são acessórios sustentáveis elaborados manualmente. Entre as sementes utilizadas estão as de açaí, inajá e muru-muru. Além disso, a artesã também cria artesanatos feitos com folhas de coqueiro, que são trançadas e envernizadas. “Esse processo eleva a vida da folha de 30 dias para 5 anos”, compartilhou, mostrando como a sabedoria ancestral é aplicada na prática para maximizar os recursos disponíveis.

Complementando a Renda Familiar

Para diversificar sua fonte de renda, Silvia possui uma área destinada à criação de abelhas e comercialização de mel. A produção de mel não só é uma atividade lucrativa, mas também contribui para a polinização das plantas na região, tornando-se parte essencial do ecossistema local. Na casa de Silvia, a colheita do açaí é realizada por seu esposo, Raimundo Rosa, que cuida de todo o processo, desde a colheita até o consumo. Além disso, a Elza Rosa, membro da família, realiza o tradicional banho de cheiro, que mistura ervas e essências para atrair boas energias, uma prática profundamente enraizada na cultura local.

Carpinteiros da Amazônia

Um projeto interessante que complementa a vida na Ilha do Combú é o “Carpinteiros da Amazônia”, que se dedica a construir casas ribeirinhas através de práticas arquitetônicas sustentáveis. Ednaldo da Silva e Édson Rodrigues, carpinteiros que participam do projeto, explicaram que utilizam materiais retirados naturalmente da floresta, sem causar destruição. Isso demonstra não apenas uma preocupação ambiental, mas também um respeito profundo pela natureza e pelos seus recursos.

Conclusão

Visitar a Ilha do Combú é um lembrete poderoso da resiliência e criatividade dos ribeirinhos. Eles não apenas sobrevivem, mas prosperam em um ambiente que exigem respeito e cuidado. A história de Silvia e de sua comunidade é um exemplo de como é possível viver de maneira sustentável e em harmonia com a natureza, preservando o que é mais precioso: a floresta. Ao mesmo tempo, é um chamado à ação para todos nós, lembrando que a proteção do meio ambiente é uma responsabilidade coletiva.



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