PF deve avaliar perícias da megaoperação, diz deputada após reunião no STF

Operação Policial no Rio: Debate sobre a Participação da Polícia Federal e Direitos Humanos

Nesta quarta-feira, dia 5 de outubro, a deputada estadual Dani Monteiro, do PSOL do Rio de Janeiro, trouxe à tona um assunto extremamente relevante e preocupante: a participação da Polícia Federal (PF) nas investigações sobre a megaoperação que ocorreu no Rio de Janeiro, resultando em um número alarmante de mortes. Durante uma audiência com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada revelou que o ministro sinalizou a necessidade de uma avaliação mais aprofundada da operação pela PF, o que inclui o trabalho de perícia e a realização de autópsias.

A Audiência e as Demandas da Sociedade Civil

A audiência, que durou cerca de duas horas e meia, contou com a presença de 19 organizações da sociedade civil. Cada um dos representantes teve a oportunidade de expor suas preocupações e demandas em cinco minutos. Entre os pontos discutidos, a deputada Dani Monteiro relatou que Moraes demonstrou uma clara preocupação com o que foi denominado de ADPF das Favelas, lembrando que ele iria acompanhar de perto o uso de ambulâncias durante a ação e também o controle externo das atividades policiais.

Essa participação da sociedade civil é crucial, pois, como sabemos, as operações policiais muitas vezes levantam questões sobre a legalidade e a moralidade das ações realizadas, especialmente em comunidades vulneráveis. As organizações presentes na audiência expressaram inquietações sobre o papel do Ministério Público Estadual na investigação, uma vez que alguns membros da instituição teriam participado do planejamento da operação. Esse fato, segundo elas, compromete a capacidade de controle externo sobre a polícia.

Preocupações com a Perícia e a Autonomia

A deputada destacou a necessidade de garantir que a perícia funcione de forma adequada e que os casos sejam elucidados. Moraes enfatizou que o controle da atividade policial deve ser exercido por aqueles que não estiveram envolvidos na operação. Essa é uma questão fundamental, pois a imparcialidade é essencial para que a justiça seja feita.

Outro ponto importante levantado foi que, das mais de 200 pessoas que morreram ou foram presas, apenas cinco eram realmente alvos do inquérito inicial, algo que chamou a atenção do ministro. Essa informação é alarmante e levanta perguntas sobre a condução da operação e a aplicação da lei.

Demandas por Autonomia e Protocolos

Thales Arcoverde, defensor regional de direitos humanos da Defensoria Pública da União, ressaltou a importância da autonomia da perícia técnico-científica, que atualmente está subordinada à Polícia Civil. Essa subordinação pode criar conflitos de interesse e comprometer a integridade das investigações.

Além disso, Moraes ouviu relatos de práticas irregulares que ocorreram após as mortes, como a pressão sobre familiares para que prestassem depoimentos antes mesmo de reconhecer os corpos. Isso é inaceitável e demonstra a necessidade urgente de protocolos claros e eficazes para serem seguidos após operações policiais, garantindo que os direitos humanos sejam respeitados.

Considerações Finais e Ações Futuras

Luciana Boiteux, representando o Laboratório de Direitos Humanos da UFRJ, mencionou que Moraes se comprometeu a revisar a decisão do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) que impediu o MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro de atuar em casos que envolvem supervisão sobre forças policiais do Estado que participaram da megaoperação.

Outro aspecto discutido foi a natureza interestadual da operação, que envolveu mandados de prisão de indivíduos de outros estados, como o Pará. Isso reforça a necessidade de uma atuação mais integrada da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, para que se possa garantir que as operações sejam conduzidas de maneira justa e que os direitos dos cidadãos sejam respeitados.

Em suma, a audiência realizada e as questões levantadas pela deputada Dani Monteiro e as organizações da sociedade civil são um passo importante na luta pelos direitos humanos e pela transparência nas operações policiais. É fundamental que a sociedade continue a pressionar por mudanças e melhorias nas práticas de segurança pública, para que situações como essa não se repitam no futuro.



Recomendamos