A Chegada de Representantes da Amazônia: Um Marco para a COP30 em Belém
No último sábado, dia 1º, um evento muito simbólico e que promete fazer história aconteceu na orla de Belém. Uma embarcação, nomeada KAMALUHAI, chegou trazendo a bordo 200 representantes de comunidades da Amazônia e de outros países da América Latina. Esses indivíduos se juntaram a um movimento maior que antecede a COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que está programada para ocorrer em novembro na capital paraense.
A KAMALUHAI, também conhecida como Barco Cobra, partiu de Santarém na quarta-feira, dia 29, e trouxe uma variedade de lideranças. Entre eles estavam indígenas, quilombolas, extrativistas e jovens de áreas urbanas, não apenas do Brasil, mas também do Equador, Colômbia e México. Essa diversidade de vozes é crucial para a discussão sobre as mudanças climáticas, pois cada um desses grupos traz experiências e conhecimentos valiosos sobre a gestão ambiental e a preservação dos recursos naturais.
O Encontro Global das Caravanas
Essa jornada não foi apenas uma simples travessia; ela marcou o fim do Encontro Global das Caravanas, que aconteceu entre 26 e 30 de outubro. Este evento é parte das preparações para a Cúpula dos Povos e a COP do Povo, que são eventos paralelos à conferência oficial da ONU. O objetivo desses encontros é trazer à tona as vozes e necessidades das comunidades que estão na linha de frente das mudanças climáticas.
Com o apoio logístico do Instituto Regatão, a Aliança dos Povos pelo Clima organizou essa travessia. Essa articulação busca estabelecer um novo pacto coletivo pela justiça climática, colocando os povos da floresta e das águas no centro das decisões que impactam o meio ambiente.
A Campanha “A Gente COBRA”
Durante a viagem e em Santarém, uma campanha importante foi lançada: “A Gente COBRA – Financiamento Climático Direto para Quem Cuida da Floresta”. Essa iniciativa propõe um modelo inovador de repasse de recursos internacionais para ações ambientais, diminuindo a burocracia e aumentando o protagonismo das comunidades locais. Entre as reivindicações, está a destinação de 50% dos fundos climáticos diretamente para povos e comunidades tradicionais, além de fortalecer fundos comunitários autônomos.
Nas redes sociais, a campanha rapidamente ganhou visibilidade com o slogan “é hora de reconhecer e financiar diretamente quem cuida da floresta”. Essa frase se transformou em um mantra que trouxe à tona histórias e rostos de pessoas que lutam diariamente para proteger os biomas amazônicos. É uma forma de mostrar que, atrás dos números e dados sobre desmatamento, existem vidas e culturas que dependem da floresta.
Ação “Boleto Climático”
Na última semana, uma ação que chamou a atenção foi o “Boleto Climático”. Essa iniciativa ocorreu em várias cidades do Brasil, como Brasília, São Paulo, Recife e Santarém. Boletos gigantes, com até 8 metros de largura e um valor simbólico de US$ 1 trilhão, foram expostos, representando a dívida histórica do Norte Global com os povos do Sul. Essa ação visava alertar a população sobre a necessidade de reparação e apoio efetivo às comunidades que enfrentam as consequências das mudanças climáticas.
Expectativas para a COP30
A COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém, é considerada a conferência climática mais relevante já realizada no Brasil. As expectativas são altas, com a previsão de reunir delegações de mais de 190 países e um público de aproximadamente 40 mil pessoas, incluindo autoridades, cientistas, jornalistas e representantes da sociedade civil. Essa será uma oportunidade única para discutir soluções e estratégias para enfrentar a crise climática, e a presença das comunidades locais é essencial para garantir que suas vozes sejam ouvidas e suas necessidades atendidas.
Conclusão
O que vimos neste fim de semana em Belém é apenas o começo de um movimento maior. À medida que nos aproximamos da COP30, é fundamental que continuemos a apoiar e amplificar as vozes da Amazônia e de outras regiões afetadas pelas mudanças climáticas. Juntos, podemos trabalhar por um futuro mais justo e sustentável para todos.