Fábio de Luca: a trajetória de um detetive atrapalhado e a busca pela aceitação
Fábio de Luca, um ator de 45 anos, está vivendo um momento marcante na sua carreira com a estreia na novela “Êta Mundo Melhor!”. Ele interpreta o atrapalhado detetive Sabiá, que tem como missão ajudar a encontrar o filho de Candinho, personagem de Sérgio Guizé. Essa nova fase trouxe não apenas reconhecimento, mas também uma série de reflexões sobre sua vida e carreira. Em uma entrevista exclusiva à CNN, Fábio compartilhou suas experiências, suas inspirações e os desafios que enfrentou ao longo do caminho.
O personagem Sabiá e suas inspirações
Fábio descreve Sabiá como um personagem que tem uma visão exagerada de suas habilidades como detetive. “Ele se acha o maior detetive do mundo, mas na verdade é um verdadeiro desastre ambulante”, diz o ator. Para construir essa figura tão caricata, ele se inspirou em ícones da comédia, como o inspetor Clouseau dos filmes de A Pantera Cor-de-Rosa, o personagem de Leslie Nielsen em Corra que a Polícia Vem Aí, e até no famoso Hercule Poirot, de Agatha Christie. “Não pela competência, que ele não tem, mas pela vaidade e charme meio metido”, explica Fábio.
A mistura de sonhos e realidade
Contracenar com grandes nomes como Elizabeth Savalla e Ary Fontoura faz com que Fábio se sinta em um sonho. “É uma mistura de tô realizando um sonho com não tô acreditando que isso tá acontecendo”, revela ele. Para o ator, a atuação em novelas era algo que ele sempre desejou, mas que, por muito tempo, parecia uma meta distante. “Sou de uma época em que ninguém te levava a sério se você não tinha feito novela”, conta.
A trajetória no humor
Fábio é amplamente conhecido por suas esquetes no Porta dos Fundos, onde o humor sempre teve um papel central em sua vida. “Desde moleque, eu percebi que fazer os outros rirem era um baita passe livre para me enturmar”, diz. Para ele, o teatro e a comédia foram como uma extensão natural de sua personalidade, algo que o levou a se aprofundar mais nessa área, culminando em sua chegada ao Porta dos Fundos em 2018. “Foi uma montanha-russa deliciosa”, afirma.
Reflexões sobre preconceitos e corpo
Um dos temas abordados por Fábio é a questão do corpo e o preconceito que ele enfrentou ao longo da vida. “O corpo é só mais uma ferramenta”, observa. O ator destaca que o que realmente incomoda são piadas que se baseiam apenas na aparência, sem uma construção cômica inteligente. “Se a piada faz sentido para a história, tudo bem, mas precisamos ter consciência de onde a graça está vindo”, analisa.
Ele relembra que, como toda criança acima do peso, não escapou do preconceito na escola. “Não sei se exatamente bullying, mas era o preconceito da época”, reflete. Apesar dos traumas que isso trouxe, Fábio acredita que todos estão sempre em um processo de reconstrução e fortalecimento pessoal.
Sobre sexualidade e aceitação
Fábio é um exemplo de aceitação e naturalidade em relação à sua sexualidade. “Nunca fiz disso um segredo”, diz ele. Para o ator, tratar a sexualidade de forma natural ajuda a quebrar tabus. “Quanto mais natural a gente trata, mais natural isso fica para quem ouve”, reforça Fábio. A autoaceitação, segundo ele, é um processo que leva tempo e maturidade. “A gente cresce em um mundo que diz como você deveria ser”, reflete.
Dentro da comunidade LGBTQIAPN+, ele já se sentiu pressionado a ter um determinado tipo de corpo para ser desejado. “Hoje, entendo que isso é uma construção social”, comenta. Ele admite que ainda luta contra a crítica interna, mas está no caminho de cuidar mais de sua saúde e se amar mais. “Tem dias que me acho um gato, tem dias que me acho um troll, e está tudo bem”, conclui.