Diretor é exonerado após fazer tatuagem em serviço dentro de prédio público

Escândalo Cultural em Belém: A Tatuagem que Custou o Cargo de um Ex-Diretor

Recentemente, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) deu início a um inquérito civil para investigar a conduta de Anderson Luis Reis Augusto, que foi diretor da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult). O motivo? Um vídeo polêmico que circulou nas redes sociais, onde ele aparece sem camisa, fazendo uma tatuagem no braço dentro do Palacete Bolonha, um dos patrimônios históricos mais importantes de Belém.

O Vídeo e a Repercussão

A divulgação desse vídeo gerou uma onda de críticas e levou à exoneração de Anderson do seu cargo. As imagens mostravam o ex-diretor sendo tatuado nas dependências do Museu Casa Francisco Bolonha, um espaço que é tombado e destinado a atividades culturais e educativas. Essa situação levantou questões sobre a ética e o respeito aos bens públicos e à cultura local.

A Decisão do MPPA

De acordo com o MPPA, a sessão de tatuagem foi realizada com fins pessoais e não tinha justificativa institucional. O uso de um bem público com valor histórico, como o Palacete Bolonha, é visto como uma ação que pode impactar o vínculo identitário e emocional de uma coletividade, mesmo que não tenha causado danos materiais diretos. Assim, um inquérito foi instaurado para apurar eventuais responsabilidades na situação e garantir a preservação do patrimônio cultural.

Repúdio da Prefeitura de Belém

A Prefeitura de Belém não hesitou em confirmar a exoneração de Anderson Reis e repudiou a utilização indevida das dependências do Palacete. Em um comunicado oficial, foi declarado que a decisão de exonerá-lo foi tomada após a confirmação do uso inadequado do imóvel e de seu mobiliário. A nota enfatizou que a conduta do ex-diretor era incompatível com as normas do serviço público.

A Tatuagem e o Tatuador

O tatuador responsável pela sessão, Dan Quixote, se manifestou em nota, afirmando que a tatuagem fazia parte de um projeto autoral intitulado “Tatuagens por Belém”, que tinha como objetivo valorizar locais históricos da capital paraense. Segundo ele, o registro tinha um propósito cultural e artístico, e não visava a promoção pessoal ou publicidade. Ele também ressaltou que a proposta foi previamente apresentada e autorizada pela direção do Palacete, sem que houvesse pagamento ou uso de recursos públicos.

Protocolos de Biossegurança e Devolução do Espaço

Além disso, o tatuador garantiu que todos os protocolos de biossegurança foram seguidos durante a realização da tatuagem e que o espaço foi devolvido nas mesmas condições em que foi encontrado, sem qualquer dano ao acervo.

Um Olhar sobre o Palacete Bolonha

O Palacete Bolonha, construído entre 1905 e 1908, foi projetado pelo engenheiro e empresário Francisco Bolonha e sua esposa. Localizado na Avenida Governador José Malcher, no bairro de Nazaré, o edifício é um dos ícones arquitetônicos da Belle Époque de Belém. Em 2 de julho de 1982, o imóvel foi tombado como patrimônio histórico e paisagístico pelo Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Pará (Dpahc), sendo considerado um bem cultural de valor inestimável para a cidade e o estado.

Essa situação levanta um questionamento importante sobre o respeito aos nossos patrimônios culturais e à ética no uso de bens públicos. A história do Palacete Bolonha, assim como outros espaços culturais, não deve ser desrespeitada. Esperamos que o inquérito do MPPA ajude a esclarecer os fatos e traga responsabilidade para aqueles que ocupam cargos públicos, onde o respeito e a preservação da cultura são fundamentais.

Conclusão

O episódio envolvendo Anderson Reis é mais do que uma simples polêmica; ele é um alerta sobre a importância de respeitar nossos patrimônios culturais. Que situações assim sirvam como lição para todos e reforcem a necessidade de cuidado com o que é de todos nós.