Operação em MG mira facção criminosa afiliada ao Comando Vermelho

Minas Gerais Luta Contra o Crime Organizado: Operação Custos Fidelis em Foco

Nesta quarta-feira, dia 24, uma grande operação chamada Custos Fidelis foi lançada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com o suporte da Polícia Militar (PMMG), Polícia Civil e do Gaeco do Amazonas. A ação tem como principal objetivo combater a lavagem de dinheiro que vem sendo gerada pelo tráfico de drogas, sob a liderança da organização criminosa conhecida como Família Teófilo Otoni (FTO), que possui vínculos com o Comando Vermelho (CV).

Objetivos e Ações da Operação

De acordo com informações fornecidas pelo MPMG, a operação foi planejada para interromper o crescimento territorial das facções em Minas Gerais, que vem sendo marcada por uma violência extrema e movimentações financeiras que chegam a cifras milionárias. O resultado dessa operação foi impressionante: foram cumpridos 83 ordens de bloqueios que totalizaram aproximadamente R$ 223,5 milhões em contas bancárias e criptoativos. Somando tudo, a operação impactou mais de R$ 18 bilhões em movimentações financeiras suspeitas.

Além disso, foram expedidos 48 mandados de prisão e 84 mandados de busca e apreensão em diversos estados, incluindo Minas Gerais, Amazonas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A operação também resultou na apreensão de 8 veículos e na indisponibilidade de um imóvel luxuoso na Praia do Patacho, em Alagoas, que está avaliado em R$ 3,9 milhões. Esses mandados foram emitidos pela 1ª Vara Criminal de Teófilo Otoni.

Estrutura da Organização Criminosa

As investigações revelaram que a FTO opera de maneira extremamente organizada, funcionando como uma verdadeira empresa do crime. Ela possui diferentes núcleos que cuidam da logística, finanças e até mesmo de ataques armados. Um dos métodos utilizados por essas facções é a execução de rivais com o uso de fuzis e uniformes policiais, o que não só aumenta a letalidade dos ataques, mas também gera um clima de intimidação na população local.

O Impacto do Tráfico de Drogas

As apurações mostraram que, em um período inferior a um mês, a organização criminosa conseguiu adquirir cerca de R$ 8,4 milhões em drogas, utilizando fornecedores do Comando Vermelho que operam diretamente do Amazonas. A lavagem de dinheiro da FTO era sustentada por empresas de fachada que atuam em setores como gás liquefeito, internet, câmbio e, principalmente, comércio atacadista de pescados. Segundo o MPMG, cada uma dessas empresas movimentava valores em torno de R$ 25 milhões por ano, recebendo depósitos fragmentados de várias partes do Brasil.

Táticas de Lavagem e Fraude

Um aspecto interessante das operações financeiras da FTO é a prática conhecida como smurfing, que consiste na fragmentação de depósitos para dificultar a detecção de atividades suspeitas. Relatórios de inteligência financeira identificaram depósitos que somaram R$ 2,3 milhões em apenas uma semana. A promotora Ana Bárbara Canedo Oliveira, do Gaeco de Governador Valadares, ressaltou que a operação revelou que o Comando Vermelho havia estruturado um verdadeiro atacado do tráfico, abastecendo facções em diversos estados brasileiros.

Conclusão e Reflexões

A Operação Custos Fidelis é vista como um marco na luta contra o crime organizado, ao expor a conexão entre a FTO e o Comando Vermelho. A promotora enfatizou que a operação demonstra a riqueza, a violência e a sofisticação financeira de um crime organizado que se torna cada vez mais complexo. “Uma das facetas do crime organizado é o controle de territórios e comunidades”, disse a Major Layla Brunella. O nome da operação, que significa ‘guardião fiel’, é uma lembrança de que as instituições públicas são as responsáveis por proteger a população mineira.

Esse tipo de ação é extremamente importante para a sociedade, pois não apenas combate o crime, mas também reforça a presença do estado em áreas onde a criminalidade tenta se estabelecer. O que se espera agora é que essa operação seja um passo a mais na construção de um ambiente mais seguro para todos.